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Chocolate amargo enriquecido com azeite de oliva pode melhorar a função endotelial



Barcelona, Espanha – Comer uma pequena barra de chocolate amargo contendo azeite de oliva todos os dias pode melhorar a função endotelial, sugere um pequeno estudo randomizado cruzado.[1]

Os resultados mostraram que quando 26 adultos de meia-idade com pelo menos três fatores de risco cardiovascular comeram uma barra de chocolate de 40 gramas de chocolate amargo enriquecido com azeite de oliva extra virgem todos os dias durante um mês, tiveram melhorados os níveis de células progenitoras endoteliais – importantes para o reparo vascular e mais baixos nas pessoas com fatores de risco cardiovascular.

"Esses resultados, na nossa opinião, podem motivar as pessoas a serem mais indulgentes em comer um pequeno pedaço de chocolate amargo diariamente, com pelo menos 70% de cacau, o que pode ajudar a promover a longevidade", disse a Dra. Rossella Di Stefano (Università di Pisa, na Itália) em uma coletiva de imprensa no European Society of Cardiology (ESC) 2017 Congress .

Os mesmos efeitos benéficos não foram observados quando os participantes do estudo comeram chocolate amargo enriquecido com maçã vermelha, embora os autores especulem que isso possa ter ocorrido pelo fato da concentração de maçã acrescentada ter sido insuficiente.

O artigo publicado no New England Journal of Medicine[2] mostrou que "as células progenitoras endoteliais podem reparar o endotélio, e as concentrações dessas estruturas são reduzidas pelos fatores de risco cardiovascular", explicou a Dra. Rossella ao Medscape.

"Podemos melhorar isso com estatinas, por exemplo, mas também podemos melhorar isso com chocolate".

Os participantes do estudo descobriram que o chocolate enriquecido com azeite de oliva é saboroso, e existem algumas versões disponíveis comercialmente.

"A ideia é muito interessante", mas este é um estudo preliminar, disse ao Medscape o codiretor da sessão, Dr. Joep Perk, da Linnéuniversitetet, em Kalmar (Suécia), que não participou da pesquisa.

"Este é o primeiro passo", advertiu o Dr. Perk. "Precisamos de um período de observação muito mais longo, e de grupos de pacientes muito maiores" antes de recomendar isso em geral. "Mas é uma porta aberta, e espero que as pessoas passem por ela".
Cacau, azeite de oliva, maçã seca e células endoteliais

Vários estudos de coorte e estudos epidemiológicos holandeses e suecos, como aqueles feitos com índios Guna – que consomem muito cacau e não têm hipertensão ou doença cardiovascular – ligaram o cacau à proteção cardiovascular relacionada com o teor de polifenois da semente da fruta, disse a Dra. Rossella.

Um pequeno pedaço de chocolate amargo contém tanto polifenol quanto duas taças de vinho tinto ou uma xícara de chá verde, observou, e o azeite de oliva e as maçãs também contêm polifenois.


Para essa análise, os pesquisadores procuraram examinar os efeitos da ingestão do chocolate amargo enriquecido com azeite de oliva ou maçãs secas nas células progenitoras endoteliais e nos metabólitos relacionados com o risco cardiovascular.

A pesquisa foi feita com 14 homens e 12 mulheres que vivem na Toscana, com média de idade de 51 anos, média de índice de massa corporal de 29 kg/m2, e pelo menos três fatores de risco cardiovascular.

A maior parte dos participantes do estudo estava acima do peso (20 pacientes) ou tinha história familiar de doença cardiovascular (19), seguida de dislipidemia (15), hipertensão arterial (14) e tabagismo ativo (nove).

Após um período de depuração de duas semanas, os participantes foram randomizados para comer uma barra de 40 g de chocolate amargo contendo 10% de azeite de oliva extra virgem ou 2,5% de maçãs secas, durante todos os dias por quatro semanas.

Após outro período de depuração de duas semanas, os participantes trocaram para o outro tipo de barra de chocolate do estudo, comendo o outro tipo de chocolate durante todos os dias por mais quatro semanas.

No final do mês durante o qual comeram o chocolate amargo enriquecido com azeite de oliva, os participantes não apresentaram alterações significativas dos níveis de glicose, colesterol total, HDL, colesterol LDL, triglicerídeos ou pressão arterial diastólica ou sistólica.

No entanto, a citometria de fluxo mostrou que seus níveis de antígenos circulantes CD133 +/KDR +/CD34 +, marcadores substitutos das células progenitoras endoteliais, aumentaram.

Além disso, os exames de espectroscopia por ressonância nuclear magnética nuclear (1H-RNM) das amostras de urina revelaram melhora dos níveis de dois dos quatro metabólitos que se encontram aumentados nas pessoas com fatores de risco cardiovascular.

Isto é, os níveis médios de carnitina e de 2-hidroxi-hipurato diminuíram 14,5% e 22,0%, respectivamente, embora os níveis médios de L-tirosina e fenilalanina não tenham diminuído.

Contrariamente, após um mês comendo chocolate amargo enriquecido com maçãs secas, os níveis médios de LDL dos participantes aumentaram de 132 para 142 mg/dL (P = 0,03), e não houve alterações significativas nos níveis das células progenitoras endoteliais ou dos marcadores bioquímicos avaliados.

A melhora da função endotelial observada com o chocolate amargo enriquecido com azeite de oliva provavelmente foi decorrente do efeito aditivo dos polifenois presentes no azeite de oliva e no cacau, sugerem os pesquisadores.

Este estudo, Toscolata, foi subsidiado pela Região da Toscana. Os autores informaram não possuir nenhum conflito de interesses relevante ao tema.

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