O Caso Contra o Feijão e Outros Alimentos Contendo Lectinas Tóxicas.
Por Dr. Mercola
Embora os alimentos integrais sejam saudáveis, há certos cuidados a serem considerados até mesmo neste campo.
As Lectinas (que não devem ser confundidas com fosfolipídeo
lecitina) São proteínas de ligação a carboidratos que estão espalhadas
no reinovegetal.
Estima-se que 30 por cento dos alimentos frescos contenham lectinas.
Até mesmo produtos derivados do leite contêm lectinas. A manteiga
produzida com leite de animal alimentado com grama é uma exceção.
O leite derivado de animais alimentados com grama também possui uma
quantidade menor de lectina que o leite derivado de animais
alimentados com grãos, graças às maiores quantidades de SlgA, uma
imunoglobulina que se liga às lectinas.
As lectinas receberam este nome a partir da palavra em Latim “legere”, de onde a palavra “selecionar” deriva – e é isto exatamente o que elas fazem:
Elas selecionam (ligam-se a) estruturas biológicas específicas que
lhe permitem causar danos, como parte do mecanismo de auto defesa da
planta.
É a forma engenhosa da natureza de manter os inimigos naturais, tais como fungos e insetos, à distância.
Infelizmente, algumas destas glicoproteínas podem igualmente causar problemas em seres humanos.
As lectinas foram descobertas pela primeira vez nas cascas das sementes das mamonas, que contém a ricina lectina.
A ricina é tão tóxica que uma dose do tamanho de poucos grãos de sal pode matar um adulto se ingerida ou inalada.
O Paradoxo da Planta
O mais recente livro lançado pelo Dr. Steven Gundry, “The Plant
Paradox: The Hidden Dangers in ‘Healthy’ Foods That Cause Disease and
Weight Gain,” (O Paradoxo da Planta: Perigos Escondidos nos Alimentos
‘Saudáveis’ que Causam Doenças e Ganho de Peso) ganhou enorme atenção
da mídia, reiniciando a discussão – e as preocupações – com relação às
lectinas.
Gundry também concluiu um estudo sobre lectinas em humanos.
Muitas pessoas estão agora familiarizadas com os problemas
relacionados ao glúten, porém as lectinas podem potencialmente ser tão
problemáticas quanto ele. Isto não quer dizer que o problema não tenha
controvérsias. Há muito ainda a se discutir.
Ainda assim, acredito que a questão das lectinas – lectinas tóxicas,
para ser mais exato – na dieta merece ser analisada com cuidado.
Embora Gundry chegue a declarar que as lectinas são o maior perigo
na dieta dos norte-americanos, especialmente para pessoas com doenças
autoimunes, a realidade é provavelmente bem diferente.
A Authority Nutrition indicou que as lectinas em pequenas
quantidades podem, na verdade, trazer benefícios valiosos para a saúde,
incluindo modulação imune e inflamatória, e que problemas aparecerão
somente quando você ingerir grandes quantidades delas.
De fato, acredito que seria um erro assumir que todas as lectinas sejam ruins para você. Por exemplo, os abacates contêm
a aglutinina de lectina (aglutinina persea Americana), mas isso
dificilmente os coloca na lista de alimentos a serem evitados!
Os abacates estão entre os alimentos mais saudáveis nos quais eu
consigo pensar, e as pesquisas demonstram que a aglutinina encontrada
no abacate é desprovida de especificidade para carboidratos. Em vez
disso, ele interage com proteínas e ácidos poliamino.
Os feijões, por outro lado, não somente contêm lectinas que podem
causar problemas para muitas pessoas, mas também possuem a desvantagem
de ser ricos em carboidratos líquidos, e portanto, é melhor evitar
eles nos estágios iniciais da transição de uma dieta cetogênica.
Então, existem prós e contras a ser considerados, dependendo do
alimento em questão. A presença da lectina não é de forma alguma um
determinante único. Dito isto, certas lectinas possuem efeitos tóxicos
mais potentes ou alergênicos e as lectinas encontradas nos feijões
estão nesta categoria.
As Lectinas e seus Efeitos Nocivos
Entre os alimentos mais problemáticos que contêm lectina
encontram-se o trigo e outras sementes da família das gramíneas,
feijões, soja e outras leguminosas, amendoins e membros da família das
solanáceas, tais como, berinjela, batatas, tomates e pimentões.
Grãos e leguminosas tais como feijão preto, soja, feijão-de-lima,
feijão comum e lentilhas contêm as maiores quantidades. Falando de
forma geral, as lectinas são um tipo de proteína ligante aos glicanos,
ou seja, proteínas ligando-se a carboidratos do organismo. Existem
diversos tipos de lectinas e a principal diferença entre elas é o tipo
de açúcar que cada uma prefere e liga-se no organismo.
Conforme observado por Dave Asprey, fundador do Bulletproof.com, “Um
dos motivos de o trigo ser tão ruim é que a lectina no trigo é atraída
pela glucosamina, polissacarídeo que reveste as articulações.”
Algumas — incluindo a aglutinina do germe do trigo (WGA), encontrada
no trigo e outras sementes da família das gramíneas – ligam-se a
locais receptores específicos das células mucosas intestinais e
interferem na absorção de nutrientes ao longo da parede intestinal.
Como tal, elas agem como “antinutrientes” e podem causar efeitos
prejudiciais ao microbioma intestinal variando o equilíbrio da flora
bacteriana – precursor comum do intestino vazante.
As Lectinas são Altamente Inflamatórias
Uma das principais preocupações é que a maioria das lectinas são
pró-inflamatórias, o que significa que elas provocam a inflamação e
criam produtos finais da glicação avançada. A proteína C-reativa (CRP) é
um exemplo das muitas lectinas que você possui circulando no seu
organismo neste momento, e ela é usada como um marcador da inflamação.
Elas são igualmente imunotóxicas (capazes de estimular uma resposta
hiperimune), neurotóxicas e citotóxicas, ou seja, elas são tóxicas às
células e podem induzir a apoptose (morte celular). Algumas lectinas
podem aumentar a viscosidade do seu sangue ao se ligar às células
vermelhas.
Isto torna as células sanguíneas viscosas resultando em uma
coagulação anormal. Algumas lectinas (como a WGA) podem até mesmo
interferir na expressão genética e prejudicar a função endócrina. As
lectinas também promovem a resistência à leptina, aumentando, desta
forma, o risco de desenvolvimento de obesidade. Todos esses fatores
podem predispor você a doenças.
Quem Deve Evitar o Feijão e Outros Alimentos Ricos em Lectina?
As pessoas que precisam ser particularmente cuidadosas com alimentos
contendo lectina – especificamente aquelas da família das solanáceas,
todos os grãos, leguminosas e feijões – são aquelas que sofrem de
condições inflamatórias e autoimunes, incluindo, porém não limitadas a:
- Disfunção tireoidiana (especialmente tireoidite de Hashimoto)
- Artrite
- Diabetes
- Doenças cardíacas
- Sobrepeso
Você também deve ser cuidadoso em relação a isso se estiver
consumindo medicamentos não esteroides antiinflamatórios, pois eles
demonstram aumentar a permeabilidade intestinal.
Isto permite que as lectinas tóxicas entrem no fluxo sanguíneo, aumentando dessa forma o risco de ocorrer uma reação adversa.
Evite Feijões Durante o Estágio Inicial da Dieta Cetogênica
Alimentos ricos tanto em carboidratos líquidos (carboidrato total
menos fibra) quanto em lectinas causam o dobro dano e isto inclui grãos
e feijões.
Na verdade, eu recomendo que você se abstenha tanto de grãos como de
feijões durante o estágio inicial do meu programa de terapia
metabólica mitocondrial (Metabolic Mitochondrial Therapy-MMT), o qual
envolve cetose nutricional cíclica, detalhada em meu livro novo “Fat
for Fuel (Gordura como Combustível).”
Uma vez que você tenha passado do estágio inicial onde limitar
estritamente a ingestão de carboidrato líquidos é crucial e o seu corpo
está queimando eficazmente gordura como combustível, o feijão (e
outros carboidratos líquidos, como os grãos) podem ser reincorporados,
especialmente durante os “dias de festa”.
O ciclo festa-fome ou pulsante é um componente importante do
programa MMT. Isto significa simplesmente que você faz entra e sai em
um ciclo de cetose nutricional ao invés de ficar na cetose
indefinidamente.
Inicialmente você limita o consumo de carboidratos para de 40 a 50
gramas por dia e os substitui por gorduras saudáveis. Isto fará seu
organismo mudar para a queima primária de gordura como combustível e
radicalmente reduzirá o risco de desenvolvimento da maioria das doenças
crônicas.
Se seu nível de insulina estiver abaixo de 3, então seu consumo
ideal de carboidratos pode ser maior que 40 ou 50 gramas. No entanto,
se seu nível de insulina estiver mais alto, então é melhor que você
reduza o consumo de carboidratos líquidos na sua dieta.
Quanto maior for seu nível de insulina, menor deve ser o número de
carboidrato que você consome. A menos que o nível de insulina em jejum
esteja abaixo de 5, evite carboidratos como o feijão, leguminosas e
grãos, tais como o arroz, quinoa e aveia nesta fase inicial.
Estes alimentos não apenas aumentam os níveis de insulina como
igualmente aumentam as chances de você se tornar resistente à leptina, o
que interfere na sua capacidade de perder peso..
Uma vez que seu organismo esteja queimando gordura como combustível,
você então começa a entrar e sair de um ciclo de cetose. Como uma
regra geral, eu recomendo aumentar o seu consumo de carboidratos
líquidos e proteínas uma ou duas vezes ao dia – dias em que você pode
consumir até 100 gramas ou mais de carboidratos líquidos — e, então,
voltar à cetose nos outros cinco ou seis dias.
Durante os dias de alto consumo de carboidratos, os feijões são
aceitáveis, se você gosta deles. Apenas certifique-se de cozinhá-los
adequadamente para neutralizar a maior parte das lectinas.
Porque os Feijões Devem ser Cuidadosamente Cozidos
O feijão comum contém a maior quantidade de lectina fitoemaglutinina
tóxica. Muitos outros tipos de feijão igualmente a contêm, embora em
quantidades menores, incluindo o feijão branco e o feijão-da-espanha.
Essa lectina é o motivo pelo qual você nunca deve comer o feijão cru
ou pouco cozido, pois você vai vomitar sangue e terá outros sintomas
similares aos de uma intoxicação alimentar grave. Tão pouco quanto
cinco feijões pouco cozidos podem causar sintomas grave.
O cozimento em altas temperaturas desativa esta lectina, tornando o
feijão seguro para consumo. A pesquisa demonstrou que o feijão comum
cozido contém somente 200 a 400 unidades de hemaglutinação (hau),
comparados aos 20.000 a 70.000 hau encontradas nos feijões crus.
Embora a maioria das pessoas nunca iria considerar consumir feijões
secos sem cozinhar eles, pular etapas ou cozê-los pouco são gafes
comuns cometidas na cozinha que acabam mandando muitas pessoas ao
hospital. Conforme observado no Atlantic:
“Estórias de envenenamento com lectina são especialmente raras. No ‘The Independent’, a escritora nutricional Vicky Jones descreveu um jantar no qual ela usou o feijão-da-espanha em um prato sem cozê-lo primeiro.
Em pouco tempo, todos estavam gravemente doentes. Aconteceu tão rapidamente que antes mesmo de as pessoas consideraram ir ao pronto socorro, a morte parecia uma alternativa melhor a ter de ir ao hospital. Jones recuperou-se totalmente, como acontece com a maioria das pessoas envenenadas com lectina.”
Recomendações Gerais para Cozimento e Outras Estratégias para a Redução da Lectina
Aqui estão algumas orientações gerais para formas de preparo e cozimento para reduzir as lectinas tóxicas do feijão:
• Mergulhe o feijão na água por, pelo
menos 12 horas antes de cozinha-lo, trocando a água com frequência. A
adição de bicarbonato de sódio à água aumentará ainda mais a
neutralização das lectinas.
• Lave o feijão e descarte a água usada para imersão.
• Cozinhe o feijão por 15 minutos em ALTA temperatura. Cozinhar o feijão em temperatura muito baixa pode, na verdade, aumentar os níveis de toxicidade em cinco vezes ou mais. Evite qualquer receita que use farinha de feijão seca, pois o aquecimento seco do fogão não destruirá as lectinas de forma eficaz.
• A melhor forma para destruir as lectinas é usar uma panela de pressão. Muitas pessoas optam pelo InstaPot, uma panela de pressão multipropósito. Evite panelas de cozimento lento, pois elas, na verdade, aumentarão o conteúdo de lectina devido à baixa temperatura usada.
Um estudo que comparou o teor de ácido fítico de ervilhas em imersão que foram então cozidas regularmente ou cozidas em uma panela de pressão identificou que a pressão do cozimento reduziu o teor de ácido fítico em 54 por cento, em comparação com 29 por cento através do cozimento regular.
A cozedura por pressão também pode preservar mais nutrientes do que outros métodos de cozimento.
• Lave o feijão e descarte a água usada para imersão.
• Cozinhe o feijão por 15 minutos em ALTA temperatura. Cozinhar o feijão em temperatura muito baixa pode, na verdade, aumentar os níveis de toxicidade em cinco vezes ou mais. Evite qualquer receita que use farinha de feijão seca, pois o aquecimento seco do fogão não destruirá as lectinas de forma eficaz.
• A melhor forma para destruir as lectinas é usar uma panela de pressão. Muitas pessoas optam pelo InstaPot, uma panela de pressão multipropósito. Evite panelas de cozimento lento, pois elas, na verdade, aumentarão o conteúdo de lectina devido à baixa temperatura usada.
Um estudo que comparou o teor de ácido fítico de ervilhas em imersão que foram então cozidas regularmente ou cozidas em uma panela de pressão identificou que a pressão do cozimento reduziu o teor de ácido fítico em 54 por cento, em comparação com 29 por cento através do cozimento regular.
A cozedura por pressão também pode preservar mais nutrientes do que outros métodos de cozimento.
A germinação e a fermentação também reduzirão dramaticamente o
conteúdo de lectina de alimentos que a contêm, tornando-os mais
seguros. Esta é uma das razões pelas quais o pão feito tradicionalmente
com grão germinado é digerido mais facilmente do que o pão
convencional feito com grão processado não germinado.
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